Notícias locais
8 de dezembro de 2025Seguindo a desaceleração do País, Varejo paulista vai crescer 5% em 2025 — menos do que 2024, calcula FecomercioSP

Impulsionado pelo desempenho de supermercados e lojas de roupas, o varejo paulista deve crescer 5% em 2025 na comparação ao ano passado, afirma a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Apesar de positivo, o número sinaliza desaceleração do ritmo de vendas, em consonância com o desempenho da economia brasileira, sobretudo neste segundo semestre. Em 2024, as receitas do setor cresceram 9,3%, alcançando o faturamento bruto mais alto da série histórica (R$ 1,42 trilhão) até então.
Para a Federação, essa projeção é resultado de uma conjuntura complexa, marcada por elementos positivos e, da mesma forma, por desafios relevantes com os quais o País deverá lidar no ano que se aproxima.
[TABELA 1]
Projeção de faturamento anual do varejo de São Paulo (2025)
Fonte: FecomercioSP
| Atividade | Faturamento de 2025 | 25/24 (%) | Part. (%) | Contr. (em p.p) |
| Autopeças e acessórios | 45.736 | 5% | 3,0% | 0,1 |
| Concessionárias de veículos | 171.676 | 4% | 11,1% | 0,4 |
| Farmácias e perfumarias | 148.642 | 6% | 9,6% | 0,6 |
| Eletrodomésticos, eletrônicos e L.D. | 97.120 | 4% | 6,3% | 0,2 |
| Materiais de construção | 120.658 | 1% | 7,8% | 0,1 |
| Lojas de móveis e decoração | 19.623 | -2% | 1,3% | 0,0 |
| Lojas de vestuário, tecidos e calçados | 124.511 | 10% | 8,1% | 0,8 |
| Supermercados | 531.354 | 5% | 34,4% | 1,8 |
| Outras atividades | 285.099 | 4% | 18,5% | 0,8 |
| Total | 1.544.419 | 5% | 100% | 5 |
Dentre os aspectos positivos, destacam-se, sobretudo, um mercado de trabalho aquecido (o desemprego estava em 5,4% no trimestre encerrado em outubro, segundo o IBGE), que mantém as famílias consumindo e impacta a renda média (o Ipea aponta que rendimentos do trabalho cresceram 4% no terceiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2024). É a dinâmica que fará o Brasil cumprir as expectativas de crescimento do produto Interno Bruto (PIB) deste ano, entre 2% e 2,5%.
Além disso, a inflação começou uma curva de queda a partir do início do segundo semestre, embora ainda permaneça acima do teto da meta (4,5%), estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA acumulado dos últimos 12 meses até outubro ficou em 4,68%.
Outro fator de desestímulo às vendas, principalmente de bens duráveis, são os juros muito altos: A Selic está em 15% ao ano (a.a.), o maior nível dos últimos 20 anos, posicionando o Brasil na segunda posição no ranking de maiores taxas de juros reais (descontando a inflação) do mundo (9,74%), abaixo apenas da Turquia (17,8%).
Ademais, as incertezas fiscais aumentam riscos do ambiente de negócios. O fato de não haver um plano de corte de gastos robusto, além dos frequentes questionamentos de membros do governo e aliados sobre a redução da taxa de juros, traz muita volatilidade aos mercados, pressionando o câmbio e mantendo a expectativa de inflação em alta e adiando o início do ciclo de queda dos juros.
Soma-se a isso a desaceleração da atividade, principalmente da Indústria. Há a projeção de que o setor cresça apenas 1% em 2025, após expandir 3,1% no ano passado.
Marcas da desaceleração
Os dados da FecomercioSP mostram como o País viveu semestres diferentes neste 2025. Nos primeiros três meses, o varejo paulista cresceu 9%, estimulado pelas lojas de roupas e, sobretudo, pelas vendas de automóveis.
No trimestre seguinte, confirmando a fase positiva, o setor expandiu 7%, dessa vez com um salto dos supermercados [tabela 2] e a manutenção do vestuário.
No terceiro trimestre, porém, as lojas de móveis retraíram 7%, enquanto peças de veículos, que estavam em alta expressiva nos meses anteriores, caíram 1%. O desempenho do setor desacelerou para 2%, taxa que deve se manter, agora, entre outubro e dezembro, mantendo resultado anual abaixo do registrado no ano passado.
[TABELA 2]
Faturamento trimestral do varejo de São Paulo (2025)
Comparações anuais
Fonte: FecomercioSP
| Atividade | 1º tri (25) | 2º tri (25) | 3º tri (25) | 4º tri (25) |
| Autopeças e acessórios | 14% | 8% | -1% | 1% |
| Concessionárias de veículos | 11% | 2% | 4% | -1% |
| Farmácias e perfumarias | 9% | 7% | 6% | 3% |
| Eletrodomésticos, eletrônicos e L.D. | 9% | 9% | 0% | -1% |
| Materiais de construção | 8% | 3% | -2% | -2% |
| Lojas de móveis e decoração | 4% | 0% | -7% | -4% |
| Lojas de vestuário, tecidos e calçados | 15% | 16% | 4% | 8% |
| Supermercados | 6% | 8% | 3% | 4% |
| Outras atividades | 10% | 7% | -1% | 1% |
| Total do comércio varejista | 9% | 7% | 2% | 2% |
Segmentos beneficiados pela renda
A elevação de 5% do varejo será puxada, principalmente, pela sustentação da demanda das famílias ao longo deste ano. A atividades que comercializam itens essenciais, como as farmácias e perfumarias (6%) e supermercados (5%), se destacaram positivamente.
É intrigante como segmentos mais sensíveis à disponibilidade do crédito, como eletrodomésticos e eletrônicos, móveis e decoração e até mesmo materiais de construção obtiveram crescimentos mais modestos, quando não retraíram suas receitas de um ano para o outro. São efeitos mais evidentes dos juros altos.
Isso se vê, em parte, nos dados já consolidados pela Entidade para o intervalo entre janeiro e setembro, nos quais as lojas de vestuário e acessórios foram os que apresentaram maior crescimento (11%) no acumulado do ano, seguidas por autopeças, eletrônicos e supermercados, com elevações de 6% no período.
