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1 de outubro de 2025

Artigo - Empreender é confiar no Brasil


Por Ivo Dall’Acqua Júnior


O Dia do Empreendedor, lembrado em 5 de outubro, deve

ser comemorado. Mas também é uma oportunidade à

reflexão crítica sobre a complexa realidade do empresário

brasileiro. Estamos celebrando a coragem de quem, mesmo

diante de um ambiente hostil à iniciativa privada, insiste em

gerar oportunidades e assumir riscos.

 

Cada empresa mantida aberta representa uma vitória contra

a burocracia e a insegurança. Temos uma das maiores taxas

de juros do mundo, uma carga tributária sufocante (e em

constante expansão), riscos trabalhistas elevados e uma

ausência de mão de obra qualificada, além das graves

instabilidades econômica e regulatória.

 

Como se não bastasse, a insegurança e a violência pesam

diretamente sobre os comerciantes e prestadores de

serviços. Segundo dados da FecomercioSP, só as empresas

do Estado de São Paulo deixam de faturar cerca de R$ 60

bilhões por ano em decorrência da violência urbana,

calculando-se que os empresários brasileiros destinem

estratosféricos R$ 170 bilhões anuais para a segurança

privada, cerca de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Usando uma analogia contundente, é como um cidadão que

enfrenta instrumentos cruéis de tortura.

 

É tedioso, embora necessário, citar todos os obstáculos

enfrentados para garantir o sucesso de uma empresa. Basta

lembrar que dois em cada dez negócios não sobrevivem ao

primeiro ano de funcionamento no Brasil, de acordo com o

IBGE. Ao completar cinco anos, seis em cada dez já

encerraram as atividades. A consequência é um círculo

vicioso: menos negócios, menos empregos, menos

competitividade.

 

Todos os problemas reforçam, infelizmente, a lógica de que,

no País, especular é mais lucrativo do que produzir. Um

investidor que aplicasse, em 1995 (primeiro ano do plano

Real), R$ 1 milhão na Bolsa, poderia resgatar algo próximo

a R$ 25 milhões. Em fundos atrelados ao CDI teria, hoje,

teria mais de R$ 72 milhões. E aquele que investiu na

abertura de um negócio próprio? Pode comemorar rara

vitória se a sua empresa sobreviveu sem sobressaltos por

três décadas.

 

A agenda que a FecomercioSP defende há anos busca

justamente reverter esse quadro, criando um ambiente mais

favorável para que os negócios prosperem.

 

Algumas reformas são incontornáveis, como a Tributária,

que pretende simplificar e reduzir a carga de impostos, e a

Administrativa, para modernizar a máquina pública.

Acrescente-se a necessidade de mais investimentos na

infraestrutura, a manutenção dos avanços promovidos pela

Reforma Trabalhista e ajustes normativos que protejam os

empresários da sanha tributária.

 

Almejamos políticas públicas coerentes e que a sociedade

valorize ainda mais o esforço de quem transforma sonhos

em oportunidades. Empreender no Brasil não é apenas um

negócio, mas um ato de heroísmo e de confiança no futuro

do País.

 

Ivo Dall’Acqua Júnior é o presidente em exercício da

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do

Estado de São Paulo (FecomercioSP)

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